consensual


Se eu fosse passarinho e pendurassem a minha gaiola perto do jardim, eu juro que não piava.
não fugia, mas também não nao piava ou olhava pra quem quer que fosse. arrancaria todas as penas e ficaria ali, bico marrom e pele rosa, sem fazer barulhinho que fosse.

não me basta olhar, nao me basta sonhar, e nao bastaria. se eu tivesse asas, um jardim nao me servia, eu quereria o mundo todo pra olhar! e olhar no mundo só o que me desse vontade. amanhã ou depois ser pego por ave maior, por águia, mas nisso eu penso mais tarde;
sou ave, sou pássaro, e nao quero água fresca ou semente que eu nao ache sozinha, e nao aceito grade como parede nem árvore como vizinha.

prendo a voz na goela, mas não me enfiam numa gaiola.